sábado, 13 de outubro de 2007

Embriagai-vos!

Henri de Toulouse-Lautrec, Au salon de la rue des Molins, 1894
(www.toulouselautrec.free.fr)


É necessário estar sempre bêbado. Tudo se reduz a isso; eis o único problema. Para não sentirdes o fardo horrível do Tempo, que vos abate e voz faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar.

Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor. Contanto que vos embriagueis.

E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de vos responder:

- É a hora da embriaguez! Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor.
Baudelaire: paradoxalmente um clichê, em tempos tão comedidos, tão politicamente corretos. É certo que a embriaguez de que fala o poeta não é somente a de Baco, mas é certo também que não somos ébrios nem mesmo de virtudes...
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De forma que este é um post nostálgico, singela homenagem à perdida boemia de um Rimbaud, encharcada de vinho e absinto, dos cabarés esfumaçados de Toulouse-Lautrec (com quem compartilho a obsessão por meias pretas), de um charme lânguido e um tanto devasso...
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Trilha sonora para o post (na voz de Liza...):
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What good is sitting alone in your room?
Come hear the music play.
Life is a Cabaret, old chum,
Come to the Cabaret.
(Fred Ebb)


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