quinta-feira, 6 de março de 2008

De consolo, ao menos alguma poesia

Munch, Woman in the verandah

Consolo na praia

Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.

Drummond, Alguma Poesia



2 comentários:

Naeno disse...

QUEM MATA A MULHER

Quem mata a mulher
Destrói o começo
O lado da luz que não se vê
É como se alguém tapasse
O infinito pelo avesso.

Quem mata a mulher
não acaba apenas
o que está em carne
e vida.
Mata todas as certezas
do que há de vir.
Confunde sabedoria e força
Mistura amor e forca
E morre no que mata.

Quem mata a mulher
Conclui o futuro
represa a vocação
e a expressão das flores,
Invalida o Ministério das
Minas e Energia.

Amar é ter coragem
De eternizar.

Uns querem amar
Outros querem à margem.

Um beijo
Naeno

Anônimo disse...

oie...
gostei do seu blog, se não se importa estarei colocando ele na minha lista de blogues interessantes.
"lara"